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Gabriel

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

O Gabriel Viverá Melhor...

Olá Filho.
Fez um ano no dia 06/05/2011 que escrevo aqui neste blog para ti, é uma forma de eu poder falar contigo quando não estás comigo, do que sinto, como me sinto, do que se passou, do que se está a passar, nunca foi minha intenção prejudicar ninguém, muito menos a ti Filho, mas tu é que sofres sempre. Foi um ano de revolta, de ódio, de rancor, um ano que para mim nunca o vou esquecer para o resto da minha vida, foi um ano que mudou a minha e a tua vida para sempre de uma forma cruel, ingrata, e desrespeitada, por isso me dediquei a escrever-te para que um dia tu saibas o que se passou para estares como estás. Sim porque eu sinto e vejo que não estás bem, é demais evidente na forma como me recebes quando te vou buscar ao infantário depois de não estares o fim-de-semana comigo, ainda hoje depois de passado um ano sinto que a tua (…) não te merece, não pelo que fez, mas pela forma que o fez, e está a fazer, mas não irei falar da tua (…), falarei de nós e do que temos passado os dois, os sacrifícios que temos feito para que a nossa vida siga em frente da melhor forma, o que eu tenho feito para que não te falte nada, para que não te sintas dividido, para não nos sentirmos sós e separados. Toda a minha luta por ti foi sempre única, original, pura, sincera, nunca fiz nada para te poder conquistar, alguém dizia varias vezes (vocês são unha e carne, inseparáveis), nunca recorri às situações mais absurdas para me amares da forma que me amas, é natural, é meu, está-me no sangue, fui sempre teu Pai, estive sempre presente desde do primeiro momento, disso eu posso gabar-me, nunca te abandonei. Mesmo às vezes para sair de casa para poder ir tomar um café com os amigos tinha de te deixar adormecer primeiro se não ficavas a chorar e a perguntar sempre pelo Pai, perdi algumas noites a dormir contigo sentado no sofá da sala porque não estavas bem, dei por varias vezes chutos numa cadeira do quarto quando me levantava de madrugada a correr porque tu estavas a chorar, dei-te o teu primeiro banho, (como foi maravilhoso), dei-te por varias vezes de comer, chegava ao fim e batia palmas porque comias tudo, e tu sorrias, com esse teu sorriso contagiante que só dava vontades de te “comer”. Mudei-te vezes sem conta as fraldas, dei-te o biberão todos os dias antes de te levar ao infantário, desde o quarto ou quinto mês, mas foste sempre uma criança com o sorriso nos lábios. Ainda o és quando te acordo pela manhã, espero que nunca percas esse teu maravilhoso sorriso, nunca foste uma criança difícil, nunca me vou arrepender de te amar da forma que te amo, nunca me vou arrepender de ter dedicado a minha vida a ti, voltava a fazer tudo de novo, sim porque agora se vê o amor que tens por mim, agora depois de todo o meu trabalho estou a colher o que semeei, um dia quando fores Pai e amares os teus Filhos da forma que eu te amo, irás entender, porque me sinto da forma que me sinto, mas já sobrevivemos um ano. Um ano de desencontros, um ano de palavras mal ditas, de “ataques”, de “lutas mal travadas”, de polícia à porta, de tribunais, um ano de desgaste total, ao final de 43 anos estive pela primeira vez em frente de uma juíza, de um policia a interrogar-me à porta do prédio, para saber o porquê de eu não entregar o meu Filho, isto com o meu Filho ao meu lado.
Onde ficaram os princípios, quem era aquela pessoa que vivia comigo? Que partilhava a cama comigo? Que se sentava na mesma mesa comigo? Não sei, acho que nunca irei saber. Que foi feito de uma relação de quase 25 anos, nada sobrou, apenas o meu Filho, sempre o disse que ele iria ter a capacidade para os estudos como a (..) e os dons do Pai (que é amar e ser amado, ser humilde, e ter o meu sorriso), tudo isto que estamos a passar não era necessário, quando se tem um pouco de humildade, e consciência dos erros que se cometem, espera, não, não quero, não desejo, esquece o que ias dizer, se é que algum dia o vais fazer, irei estar de ouvidos tapados, mas eu sei que nunca o vais conseguir fazer, és demasiado orgulhosa para o fazer, sabes o que quero, poder viver a vida com o meu Filho, desfrutar dele quando está comigo, poder chorar quando não está, sim eu sei, eu sei o que estás a pensar, mas este sou eu mesmo (fraco), dirias tu, aquela pessoa com quem tu partilhaste muita coisa, aquela pessoa que te amou, aquela pessoa que sempre deu tudo, que sempre foi correcta, humilde, honesta, aquela pessoa que esteve sempre presente nos teus bons e maus momentos, aquela pessoa a quem tu classificaste (classificas) de sem conversa, instável, frustrado, distante, desinteressado e rude, como pudeste tu viver com uma pessoa como eu durante tantos anos se realmente eu não tinha nada de bom, que estarias tu a fazer comigo? É mais uma das minhas incógnitas, mais um dos meus enigmas que nunca vou decifrar, chegou a altura de dizer, chega, chega de tudo isto, chega, estou cansado, saturado, desgastado com tudo o que passei, e o que ainda vou passar, mas já estou bem mais calmo, bem mais consciente de toda esta realidade, de todo este pesadelo, mas continuo triste por o meu Filho.
Sim eu sei que aprendes-te muito comigo e eu contigo, ensinei-te muita coisa e tu a mim, mas uma das coisas que me ensinas-te e eu não aprendi foi a odiar-te, mesmo depois de tudo o que me tens feito, podes tropeçar cair e voltar a levantar, mas não serei eu a dar-te a mão, não serei eu a corar-te os ferimentos dessa queda.
Não quero aqui “atacar” ninguém, quero só que saibas de que o que me fizeste e me estás a fazer não é digno de alguém como eu, e tu sabes bem disso, sabes que nunca te fiz mal, e nunca te farei, um dia quem sabe irei ter a tal conversa contigo, um dia quem sabe, vou encarar-te como uma pessoa normal, um dia quem sabe irás ficar mais humilde, um dia quem sabe vou conseguir olhar para ti de uma forma diferente do que olho neste momento e então nesse dia eu vou conversar contigo, esclarecer tudo o que haverá para esclarecer, pôr um ponto final em tudo isto e aí sim o Gabriel viverá melhor.
Sim, porque eu já encontrei uma razão para viver e ser feliz.
Paulo Bessa

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