Qual será o meu?

Olá Filho,

Obrigado pelos teus telefonemas, nem imaginas com eu fico contente que te lembres de mim.

À tarde quando vejo o pôr-do-sol da minha janela.
Eu escondo-me como ele.

Tentando ocultar as minhas tristezas, a minha solidão, o meu desespero, as minhas lágrimas.
Ao final da tarde aguardo pelas estrelas
como quem espera algo ou alguém.
Mas alguém demora a chegar, ou será que não vem?
Espero, espero, mas eu sei que tu não vens, por isso sofro e choro, choro por algo que já mais posso ter só para mim como tive um dia.
Fico muitas vezes sentado na tua cama a olhar ao meu redor, a pensar se a minha vida vai ser sempre assim, se quero viver assim.
Mas tu com esse teu sorriso, consegues tudo.
Fazes-me sentir um Pai especial, importante, fazes-me brilhar como aquela estrela que vemos todos os dias da nossa janela.
Estou cada vez mais frio
Nem o calor do inverno consigo sentir.

Ando tão triste, que a minha tristeza nem me permite rir, gostava de me perder pelo mundo, nem que fosse só um segundo, voar para bem longe como uma ave que migra de pais para pais.
Mais dois dias se passaram, mais dois dias riscados no meu calendário, mais um dia sem vontade de me levantar, sem vontade de viver, mais um fim-de-semana se passou sem ti.

Porquê que a vida tem de ser assim tão difícil?
Porque é que alguns sofrem e outros nem ligam?
Porque Será que todos temos um destino?
Mas esse destino está nas mãos de quem?

 Qual será o meu?

Com amor.
Com saudades.
Com carinho.
Do Pai Para Ti Filho

Paulo Bessa